Deserto - I parte

Depois da exuberância de cores da Patagonia, chegamos ao deserto do Atacama, que me surpreendeu pela sua beleza estéril, monocromática, lugares com índices pluviométricos = 0, quilômetros e quilômetros de areia, vento e muito, muito sol.
No primeiro dia fomos acampar em uma praia que ficava dentro do Parque Nacional Pan de Azucar, um parque já dentro do deserto. Fomos colocar as bikes pra rodar um pouco, eu levando o Vicente, que é mais levinho, e o Cassio levando a Dora. Passamos horas em uma praia ao lado, mas não tivemos coragem de mergulhar no mar gelado. A praia era tão inóspita que encontramos nas areias varios esqueletos de animais, inclusive de focas.
Depois de vários quilometros subindo em direção aos Andes, chegamos ao conhecido pueblo San Pedro de Atacama. Agora consigo entender o fascínio que este lugar exerce sobre todos que vem pra cá.

Logo no primeiro dia, depois de rodar atrás de uma pousada, fomos ao Valle de La Luna ver o por do sol. Tive um misto de encantamento com vontade de chorar. Pensei muito na minha mãe e o quanto eu queria que ela estivesse aqui.
O pueblo fica a 2438 metros de altitude, com ruas de terra e casas de adobe. Tem uma rua principal muito charmosa chamada caracoles, com restaurantes, agências de turismo e artesanias locais. Vários turistas de todos os cantos enchem as ruas e hotéis da cidade.

No segundo dia compramos um pacote que nos levou, dentro de uma van que parecia um liquidificador, à uma laguna dentro do salar de Atacama, Laguna Cejar, com 58% de sal em sua composição, o que faz vc boiar sem nenhum esforço. O lugar era lindo, o punk era o sol, ainda mais depois do mergulho salgado.
Parecia o piscinão de Ramos no meio do deserto! Isso que dá ir no meio das férias!
Depois fomos em outra laguna, só que de agua doce para tirar o sal do corpo. Acabamos o passeio indo ver o por do sol em uma terceira laguna, com pouca agua e muito sal, parecia neve. Lindo!!! As crianças estavam muito felizes!!!
Tomamos um pisco sour safado com papas fritas junto com a galera da excursão, ouvindo piadinhas de argentinos em castellano (rindo, fingindo que entende) e fomos dormindo sacolejando de volta para o hotel.

No dia seguinte ficamos meio largados no hotel, lendo, respondendo e-mails e atualizando o blog. A tarde fomos fazer um passeio com nosso carro para as Termas de Puritama. O lugar era bem alto e o carro não andava. No dia seguinte fui descobrir que aqui os carros tem uma segunda bomba por causa da altitude.
As termas eram uma delícia, no meio de um canion rochoso no alto das montanhas. Paramos o carro em cima e descemos a pé até as 8 piscinas naturais escalonadas de aguas mornas que correm a 34 graus, e lá ficamos até fechar. Depois do banho de sal, banho terapêutico em aguas termais. Spa Atacama!!

Na madrugada seguinte eu e a Dora fomos ver os Geysers del Tatio. O Cassio teve que ficar com o Vicente, que podia passar mal por causa da altitude. Passamos um puta frio lá em cima, 4600 metros de altitude, -6 graus. Chegando, vc já vê aqueles vapores de agua que saem de pequenas crateras no solo, isso amanhecendo o dia, com o céu azulado. Parecia filme de ficção científica!!!Só faltava sair de tras dos vapores homens vestidos de astronauta.
Tomamos um café da manha, e fomos nadar na piscina natural de agua termal, esta com água MUITO quente. Dificil foi sair e se trocar. Piscinão de Ramos versão II: chique!
Voltamos do passeio perto da hora do almoço, com um sol de rachar e fiquei meio esquisita o resto do dia, enjoada, cansada, sem conseguir dormir. As diferenças de altitude, temperatura e o ar muito seco, me pegaram de jeito.
No fim de tarde fomos passear de bike pelo pueblo para nos despedirmos deste lugar tão encantador. Pela primeira vez foi difícil ir embora de um lugar.